segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Apresentação


O GERMINA – Grupo de estudos em reflexão moral interdisciplinar e narratividade – surgiu espontaneamente da afinidade de uma mesma premência compartilhada: pensar o estatuto da moralidade desde uma perspectiva plural e muito mais porosa do que a perspectiva de uma “filosofia moral tradicional”. É, num certo sentido, uma reflexão que se quer “metaética”, mas apenas porque sua indagação de fundo é aquela do significado da própria moralidade. E é uma reflexão eminentemente interdisciplinar ao propor uma conversa com áreas que contemplam igualmente aquele significado: artes, cinema, literatura, quadrinhos, cultura, sociologia e história – pra começar. E, finalmente, é uma reflexão que toma como ponto de partida o privilégio da narratividade sobre a mera norma. Dito em outros termos: trata-se de pensar o papel (ou os papéis possíveis) da narrativa na construção, de novo, daquele mesmo significado.
As conversas propostas neste espaço vão tocar num ou noutro ponto da tríade acima exposta. Desde uma concepção wittgensteiniana de gramática filosófica, tais reflexões comporão fios de uma mesma teia, a qual, ao final, talvez nos forneça uma ou outra imagem de nossas ideias em andamento. O objetivo central, mais do que estabelecer teorias, fornecer definições ou tentar um sistema ético, é buscar caminhos alternativos, múltiplos talvez, interdisciplinares e transdisciplinares certamente, que superem aquilo que tenho chamado de clausura da norma. Daí uma “filosofia moral normativa” estar fora de questão – e mesmo que se faça necessário, em algum ponto, pensar em algum tipo de “prescritividade” ou “orientação”, ela talvez só seja realmente possível depois de uma profunda revisão – ou de um reinventar – do vocabulário filosófico. Ou, pelo menos, depois do resgate de certos termos e conceitos sequestrados pela tradição estabelecida. Um resgate de significados que também já não se deixa sufocar por uma suposta primazia de um saber filosófico insular.
Os colaboradores do grupo e do blog compartilham, assim, de uma reflexão que se quer plural, complexa, aberta, crítica, e desconfiada das fronteiras intransponíveis dadas com e por palavras rígidas, e desconfiada das verdades que não se questionam mais em seu engessamento.
São conversas, portanto, de fato. Abertas aos vários caminhos ainda por trilhar.

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